A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) foi uma das testemunhas ouvidas pela Justiça, nesta segunda-feira (6), no procedimento que apura as agressões contra o músico negro de Curitiba, Odivaldo Carlos da Silva, conhecido como Neno. Paulo Cezar Bezerra da Silva pode ir a júri popular por tentativa de homicídio e injúria racial.
Em entrevista para o Boa Noite Paraná, a deputada comentou o caso. “Como se aquela violência fosse justificada ao ser direcionada a determinado grupo, no caso a população negra. Então, ofende toda uma coletividade. É um crime contra todo um grupo social. Portanto, é crime de racismo,” comentou.
Leia também
- Homem espanca músico negro no centro de Curitiba
- Carol Dartora pede ao MP prisão do homem que espancou músico negro em Curitiba
- Homem que espancou músico negro já responde por tentativa de homicídio
- Polícia prende homem que quase matou músico negro no centro de Curitiba
- MP denuncia agressor de músico negro em Curitiba por tentativa de homicídio e injúria racial
- Homem que agrediu Neno vira réu por injúria racial e tentativa de homicídio
O caso ganhou repercussão nacional após ser denunciado por Carol Dartora, quando ela ainda era vereadora da capital paranaense. Nas imagens chocantes, Neno é abordado por Paulo enquanto caminhava por uma calçada no centro da cidade. Usando um cassetete, o agressor acerta o rosto do músico e dá ordens para um cachorro morder Neno.
A agressão aconteceu no dia 22 de novembro de 2022. Segundo a vítima e testemunhas, o criminoso teria chamado Neno de macaco. Também pesa contra Paulo, a informação de que ele seria pago por comerciantes para expulsar da região pessoas em situação de rua. De acordo com os relatos, por ser negro, Neno teria sido confundido como sendo pessoa em situação de rua.
Dias depois da publicação do vídeo nas redes sociais da ex-vereadora, a parlamentar recebeu um novo vídeo em que Paulo espanca outra pessoa da mesma forma, usando o cassetete e um cachorro.
Com a divulgação do novo caso, também contra uma pessoa negra, a parlamentar solicitou ao Ministério Público a prisão do agressor, considerando a gravidade dos fatos e os riscos oferecidos pelo agressor à população. A medida foi atendida pela Justiça.
Ficha criminal
Antes mesmo de ser preso, no dia 30 de novembro, veio à tona a ficha criminal de Paulo, constando outro processo por tentativa de homicídio. Em 2019 ele quase matou uma pessoa no bairro Santa Felicidade. Utilizando uma barra de ferro, ele acertou o rosto da vítima, ocasionando várias fraturas em seu corpo.
Agora, a Justiça aguarda o envio de laudos da defesa de Neno para demonstrar a gravidade das lesões sofridas pelo músico. Em seguida haverá um prazo para manifestação das partes e a decisão sobre o julgamento, se o agressor vai ou não a júri popular. A previsão é de que essa definição aconteça até abril.