Carol Dartora pede ao Ministério Público que investigue ameaças e ataques racistas

Foram relatadas 25 mensagens e identificados os crimes de ameaça, calúnia, injúria e injúria racial. Vereadora recebeu mensagens com dizeres como “Macaca fedorenta… vai pagar pelo o que fez”, “Você não dura 2 meses” e “Preta safada sem vergonha merecia ir pra cadeia não merecia ser vereadora”

Após ter participado de uma manifestação, no último sábado (5), contra o racismo e a xenofobia, a vereadora Carol Dartora (PT), primeira mulher negra eleita na cidade de Curitiba, voltou a ser alvo de mensagens racistas e ameaças à sua integridade. Os ataques foram enviados nas redes sociais da parlamentar e denunciados por ela durante sessão da Câmara Municipal, na quarta-feira (9).

Na quinta-feira (10), com o apoio da Procuradoria Jurídica e do presidente da Casa, Tico Kusma (PROS), o mandato da vereadora protocolou um pedido de investigação junto ao Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial e a Promotoria de Direitos Humanos Criminal, ambos do Ministério Público do Paraná.

Foram relatadas 25 mensagens e identificados os crimes de ameaça, calúnia, injúria e injúria racial. O documento tem 88 páginas e é assinado por Carol Dartora, pela advogada de seu mandato, Alice Correia, e pelo procurador-chefe da Câmara Municipal de Curitiba, Ricardo Tadao Ynoue.

Dentre os ataques denunciados, consta o de um usuário de rede social que escreveu: “Macaca fedorenta… vai pagar pelo o que fez”, “Você não dura 2 meses”. Outro disse: “Preta safada sem vergonha merecia ir pra cadeia não merecia ser vereadora”. Carol também recebeu nas mensagens acusações de ser “criminosa”, “bandida” e “doida”.

Justiça

Segundo a vereadora, os ataques começaram a chegar depois que notícias falsas vincularam a parlamentar com a entrada de manifestantes na igreja Rosário. Carol, não foi convidada para participar da organização do protesto, não contribuiu na decisão de entrar na igreja e, assim como outras pessoas, não entraram no tempo religioso.

O ato em Curitiba foi convocado para pedir justiça por Moïse Kabamgabi e Durval Filho, dois homens negros assassinados na cidade do Rio de Janeiro. O local escolhido foi a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito.

Após uma discussão entre fiéis e manifestantes, um grupo resolveu entrar na igreja. As imagens deste momento, apesar de não terem o registro de nenhum dano ao espaço religioso, geraram polêmica e tiveram grande repercussão.

Não foi a primeira vez

Poucos dias depois de ser eleita, em 2020, Carol Dartora recebeu um e-mail com palavras racistas, contendo seu endereço residencial e ameaçando matá-la. A polícia investiga o caso, mas até o momento o autor não foi identificado e ninguém foi preso.

Durante a campanha eleitoral, a então candidata, também recebeu vários comentários racistas em publicações das suas redes sociais.