Com o objetivo de reafirmar seu papel histórico na luta pelos direitos originários, Brasília sedia a 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do Brasil e da América Latina. De 7 a 11 de abril, milhares de lideranças de todos os cantos do país se reúnem mais uma vez para denunciar as violências, fortalecer a resistência e defender os territórios.
A cada edição, o ATL se torna ainda mais necessário diante das ameaças que recaem sobre os povos indígenas — e em 2025 não é diferente. Um dos principais focos da mobilização é a luta pelo fim do Marco Temporal, uma tese racista e inconstitucional que tenta restringir o direito à demarcação de terras indígenas apenas às que estavam ocupadas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Essa visão ignora os séculos de violência, expulsões forçadas e o contínuo processo de resistência e retomada dos territórios.
A luta dos povos indígenas é, acima de tudo, uma luta pela vida. Defender os territórios é proteger a biodiversidade, manter as florestas em pé, garantir águas limpas, preservar saberes ancestrais e assegurar o futuro do planeta. Por isso, a presença de cada liderança no ATL é tão poderosa: ela ecoa a voz de quem resiste nas aldeias, nas retomadas, nas cidades, enfrentando o agronegócio, o garimpo ilegal, os projetos de morte e a omissão do Estado.
Neste ano, celebra-se também um marco importante: os 20 anos da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que nasceu do ATL e segue como referência na luta por direitos, território e dignidade para os povos originários.
Em 2024, a deputada federal Carol Dartora (PT-PR) foi homenageada pelo grupo indígena Guarani Kaiowá, do Paraná, com uma carta aberta e uma roda de cantoria. A iniciativa reconheceu sua atuação firme em defesa dos direitos dos povos indígenas, especialmente no que diz respeito à demarcação de terras e à garantia dos territórios tradicionais. O momento foi marcado por emoção, resistência e a reafirmação de um compromisso coletivo por justiça e dignidade.
Ainda, durante a entrega, uma das lideranças indígenas ressaltou a urgência da luta e a importância do apoio da deputada. “Nossos territórios refletem as dores que o nosso povo tem vivido. Viemos entregar essa carta pública da nossa campanha, chamada Demarcação do Rufa, porque há muitos anos seguimos lutando pela demarcação de territórios que, hoje, não têm nenhuma pendência legal. O apoio que você está trazendo é muito importante — e que ele possa servir de exemplo para transformar realidades. A luta dos povos indígenas, a luta do povo Guarani, não é só nossa”, ressaltou Kerexu Rete.