O racismo estrutural na educação brasileira persiste e se manifesta de diversas formas, incluindo a sub-representação de professores negros e a falta de abordagem adequada das questões raciais nos currículos escolares. Embora avanços tenham sido conquistados, como a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas (Lei 10.639/03), a realidade das salas de aula ainda reflete desigualdades históricas e estruturais.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que apenas 20% dos docentes da educação básica são negros, apesar de a população negra representar mais da metade dos brasileiros. Esse desequilíbrio reflete as dificuldades históricas de acesso da população negra ao ensino superior e aos concursos públicos para a docência.
A presença reduzida de professores negros também impacta a formação dos estudantes. A falta de representatividade no corpo docente reforça estereótipos e limita as possibilidades de identificação para estudantes negros, que muitas vezes não se veem nos espaços de liderança acadêmica.
Currículos ainda eurocêntricos
Apesar da legislação, a educação brasileira ainda é marcada por um viés eurocêntrico. O conteúdo programático das escolas enfatiza a história e a cultura europeia, enquanto a contribuição africana e indígena são frequentemente abordadas de maneira superficial ou estereotipada.
Um levantamento feito pelo Instituto da Mulher Negra (Geledés) apontou que grande parte dos livros didáticos ainda retratam a história da escravidão de forma reducionista, sem contextualizar adequadamente as resistências e contribuições da população negra para a formação do país. Essa ausência de uma perspectiva mais ampla perpetua o racismo na educação.
O que fazer para mudar esse cenário?
Para combater o racismo na educação, é fundamental:
- Incentivar a formação de professores negros, ampliando o acesso às universidades e aos concursos públicos;
- Garantir a aplicação efetiva da Lei 10.639/03, com fiscalização do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana;
- Revisar os materiais didáticos, garantindo uma abordagem antirracista e representativa;
- Promover formação continuada para docentes, para que possam trabalhar a questão racial de forma adequada e qualificada em sala de aula.
A historiadora e deputada federal Carol Dartora (PT-PR) tem atuado para transformar essa realidade. Como primeira deputada federal negra eleita pelo Paraná, ela luta pela implementação efetiva de políticas públicas que garantam uma educação antirracista, inclusiva e de qualidade para todos.
“A escola brasileira precisa refletir a diversidade do nosso país e garantir que todas as crianças e jovens tenham acesso a um ensino que valorize sua história, cultura e identidade”, afirma a parlamentar.