3 agosto de 88: data que a Constituinte derrubou a censura no Brasil

Saiba porque 3 de agosto é considerado o dia que marca o fim da censura no Brasil e confira as obras de Ballet Bolshoi, Gal Gosta e outros artistas censurados pela ditadura militar

Você sabia que 3 de agosto é considerado o dia que marca o fim da censura no Brasil? Nesta data, em 1988, a Assembleia Constituinte aprovou os artigos da nova Constituição garantindo a livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, derrubando as práticas de tortura e censura implantadas no Brasil pela ditadura do regime militar.

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A ditadura militar (1964-1985) marcou períodos sombrios no Brasil, os quais cercearam direitos primordiais da população, tudo em prol da manutenção do poder de militares, alinhados com uma elite econômica.

De acordo com o jornalista e escritor Zuenir Ventura, durante os dez anos de vigência do AI-5 (1968-1978), cerca de 500 filmes, 450 peças, 200 livros e mais de 500 letras de músicas foram proibidas no país.

Censuradas por supostamente ferir a “moral e bons costumes”, obras que criticavam o regime só poderiam ser liberadas caso fossem reescritas ou eram descartadas na hora.

Para que possamos manter em nossas memórias o que foi este período sombrio para a população brasileira, confira uma seleção de algumas obras e autores que foram censurados durante os anos de chumbo. Ditadura nunca mais!

Apesar de Você (Chico Buarque)

Aprovada em um primeiro momento, a música foi censurada anos depois após censores do regime perceberem que a canção era uma crítica velada à ditadura. Com isso, as rádios foram proibidas de tocá-la.

Peça Roda Viva (Chico Buarque)

E falando em Chico Buarque, a peça Roda Viva, escrita pelo músico, foi invadida em 1968 por um grupo paramilitar em São Paulo, que depredou todo o cenário. Após o ataque, a atriz Norma Bengell foi sequestrada e agredida. No dia 3 de outubro do mesmo ano, o Roda Viva foi proibido em todo o país.

Vaca Profana (Gal Costa)

A música foi censurada no ano de 1984, quando a artista lançou o álbum “Profana”. Na época, a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP) alegou que a música feria a “moral e os bons costumes” dos brasileiros. Parece tão atual não?

Romeu e Julieta (Ballet Bolshoi)

Conhecido por ser o maior grupo de ballet do mundo, o Bolshoi faria uma apresentação de Romeu e Julieta na TV Globo. O espetáculo foi vetado pelo ministro da Justiça, Armando Falcão, em 1967. Segundo a justificativa, como o grupo era de uma companhia russa e o país ainda integrava a União Soviética, que era comunista, logo a peça também poderia ser comunista.

Darcy Ribeiro

Neste caso não é uma obra em si, mas um dos grandes referenciais da educação brasileira. O antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro foi um dos autores censurados na época, já que além de escritor foi o responsável pela criação da Universidade de Brasília (UnB) no governo de João Goulart (1961-1964). Ribeiro se exilou no Uruguai após o golpe.