Personalidades negras são homenageadas na Câmara de Curitiba

Sessão solene agraciou 18 pessoas em reconhecimento pela contribuição no desenvolvimento da cidade e na defesa dos valores da comunidade negra

A Câmara Municipal de Curitiba realizou na noite desta quarta-feira (17) uma sessão solene alusiva ao Dia da Consciência Negra. Por indicação da vereadora Carol Dartora (PT) e dos vereadores Herivelto Oliveira (Cidadania) e Renato Freitas (PT), 18 personalidades negras da capital foram homenageadas pelas ações e o protagonismo na defesa dos valores da comunidade negra e do desenvolvimento do país.

“É uma alegria muito grande ver essa câmara hoje com pessoas parecidas comigo, que tem o meu tom de pele, que tem o meu cabelo. Que a gente possa começar esse movimento de ver a população negra representada em todos os espaços, marcar o quanto isso significa para tantas pessoas”, disse Carol Dartora, lembrando o fato de que só em 2021 Curitiba elegeu pela primeira vez uma vereadora negra.

Para Carol, a iniciativa de homenagear pessoas negras que ajudam na construção da cidade nas mais diferentes áreas tem um poder de desconstruir estereótipos racistas. “A população negra já demonstrou que tem resistência, que tem garra, que tem organização para vencer qualquer corrente. Quem saiu das correntes chega em qualquer lugar. Quem sabe um dia a gente tenha uma pessoa preta presidindo uma Câmara como essa”, completou.

Conheça os homenageados da vereadora Carol Dartora

Angela Elizabeth Sarneski

Professora aposentada. Na década de 90 fez parte do grupo de mulheres negras chamado Baluarte Negro ; Ativista do movimento sindical da educação e do movimento social negro; Integrante dos coletivos de combate ao racismo da APP Sindicato, da CNTE e do Convida; Filiada a Rede Mulheres Negras-PR.

Dirléia Aparecida Matias

É Ègbomi do Ilé Asé Ojugbo Ògún, filha da Iyalorixá Iyá Gunã. Ègbomi de um Terreiro de Candomblé, religião essa que tem a ensinado muito, inclusive de sua herança africana e ancestralidade. Carrega um Deus Africano, no seu Ori, na sua cabeça, Deus esse que a acompanha e que traz pra ela, todo um legado de responsabilidade na manutenção dessa herança, que se dá através da vivência. Pedagoga, formada pela UFPR, Integrante do Grupo de Estudos Africanidades Araucária e do Autoconceito negro.

Dora Lúcia Bertulio

Possui mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina(1989). Atualmente é Procuradora da Universidade Federal do Paraná. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Público. Atuando principalmente nos seguintes temas:Racismo, Direito e Relações Raciais, Discriminação Racial, Ação Afirmativa, Historia do Direito Brasileiro.

José Mathias de Oliveira

Nasceu em Maringá no ano de 1956, filho de baianos, começou a trabalhar como engraxate quando tinha seis anos de idade, jornaleiro, lavador de carro, foi boia fria. Aos 17 anos ingressou no Banestado onde trabalhou por 25 anos. Mudou para Curitiba no ano de 1985, onde continuou como funcionário do Banco Banestado até a extinção deste. Foi taxista por cinco anos. Há vinte anos adquiriu um comércio no Largo da Ordem, desenvolvendo a atividade de Bar, onde permanece resistindo e enfrentando todo tipo de preconceito, se tornando uma figura da resistência negra do Largo da Ordem.

Leonildo José Monteiro Filho

Coordenador Nacional do Movimento Nacional Da População de Rua, Presidente do Instituto Nacional de Direitos Humanos da População de Rua e Conselheiro de Direitos Humanos do Estado do Paraná. Agraciado pelo prêmio de direitos humanos, temática da população em situação de rua em 2016. Ex Conselheiro Nacional de Direitos Humanos e Ex Membro do Ciamp Rua Nacional; Membro do CIAMP Rua Estadual do Paraná.

Mano Cappu

É rapper, roteirista e diretor. Natural de Curitiba, vive na CIC, maior bairro da periferia da capital paranaense. Ingressou no movimento Hip Hop no final da década de 1990, aos 15 anos. Desde então, desenvolve trabalhos musicais como rapper. Em 2011, ficou preso durante 18 meses por um crime que não cometeu. Seis anos após a prisão, foi absolvido. Em 2014 lançou a Mixtape Mano Cappu – Não Pare Agora, uma reflexão sobre masculinidade, paternidade e sua vivência como um ex-detento. Em 2016 passou a realizar palestras em faculdades e escolas de Curitiba e região com o Projeto Eu Voltei – A importância da Reinserção Social. Ainda em 2016 se envolveu pela primeira vez com o cinema, na série de TV Nóis Por Nóis. De 2019 a 2020 desenvolveu diversos projetos musicais e audiovisuais. Atualmente está atuando como roteirista, diretor e produtor no projeto “Cartas Para o Futuro”, aprovado no fundo de emergência da National Geographic Society, para produzir série-cartas com jovens curitibanos sobre esse momento da pandemia do Covid-19.

Somos muitos

“Quanto a gente percebe que os negros estão aí e eles continuam não sendo mostrados, não aparecendo, significa que tem ulguma coisa errada na forma de buscar esses negros”, observou o vereador Herivelto Oliveira. Ele escolheu agraciar Day Paixão, Paulo Rodolfo Rio Branco, Roberta Kisy Lourenço, Sandro Luís Fernandes, Tatiana Schmidt e Túlio Tobias.

“Somos tantos e estamos desempenhando tarefas tão importantes nos tão diversos lugares. Como escolher os que seriam dignos da nossa homenagem? A gente fez essa escolha e espera que ela represente a totalidade da população negra de curitiba”, disse Renato Freitas. Ele homenageou Adriana Pereira de Oliveira, Jetron Pereira de Azevedo, Junia Celle da Costa Silva, Laudiceia Rodrigues Gomes, Maria de Lurdes e Regina Célia Mendes.

A sessão foi presidida pelo presidente da Câmara, vereador Tito Kuzma (Pros). A mesa dos trabalhos contou ainda com a participação da assessora municipal de Promoção da Igualdade Racial, Marli Teixeira.

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