Ameaças racistas e misóginas: a luta de Carol Dartora contra o ódio

Desde 2020, quando foi eleita a primeira vereadora negra de Curitiba, a deputada federal Carol Dartora (PT-PR) tem sido alvo de uma série de ataques racistas e misóginos. Com sua eleição à Câmara dos Deputados em 2023, como a primeira mulher negra a representar o Paraná no Congresso Nacional, os ataques intensificaram-se, revelando o impacto de sua luta por igualdade racial e direitos humanos contra setores extremistas que se sentem desafiados por sua atuação política.

Os primeiros ataques ocorreram já durante seu mandato como vereadora e continuaram após sua posse como deputada. Agressões racistas e ameaças de morte por meio de mensagens nas redes sociais foram registradas e denunciadas às autoridades competentes. Em 2023, os ataques ganharam uma dimensão alarmante, com envio de e-mails contendo discursos de ódio e ameaças explícitas. Entre 10 e 30 de outubro de 2024, Carol recebeu 43 mensagens ameaçadoras, incluindo incitação ao suicídio e menções à sua atuação parlamentar.

A prisão do suspeito

No dia 14 de novembro de 2024, a Polícia Federal prendeu um homem em Jundiaí (SP), suspeito de ser o autor de diversas ameaças contra Carol e outros parlamentares, como Guilherme Boulos (Psol-SP), Talíria Petrone (Psol-RJ), Bruna Rodrigues (PCdoB-RS) e até o presidente Lula (PT). A operação resultou de cinco anos de investigações minuciosas, conduzidas pela Polícia Federal e pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com colaboração de plataformas digitais. O suspeito utilizava o anonimato para disseminar mensagens racistas e ameaças de morte.

Em seu pronunciamento sobre a prisão, Carol declarou que “essa vitória não é só minha, mas de todas as pessoas negras e mulheres que enfrentam diariamente o racismo estrutural e a violência de gênero. O silêncio não é a resposta. Cada denúncia importa e demonstra que o ódio não vencerá”.

Solidariedade institucional

Os ataques contra a deputada geraram uma onda de solidariedade de parlamentares, movimentos sociais e da sociedade civil. O Partido dos Trabalhadores reafirmou seu apoio irrestrito a Carol, destacando a importância de combater o racismo e a misoginia. A Câmara dos Deputados também desempenhou um papel importante, articulando medidas para proteger parlamentares ameaçados.

Racismo e a violência política

Os ataques enfrentados por Carol evidenciam o racismo estrutural e a tentativa de silenciar lideranças negras e femininas que lutam por justiça social. A deputada destacou a necessidade de fortalecer políticas públicas contra o ódio e a urgência de desarticular redes criminosas que utilizam o anonimato para promover violência.

“Esses atos não são apenas contra indivíduos; eles atacam diretamente a democracia, tentando intimidar e silenciar as nossas vozes. Denunciar é fundamental para que as investigações avancem e os criminosos sejam responsabilizados.”

Carol Dartora reafirmou seu compromisso com a igualdade racial, os direitos humanos e a justiça social, agradecendo à imprensa, aos movimentos sociais e a todas as pessoas que manifestaram apoio:

“Agradeço imensamente a solidariedade e o carinho que recebi. Seguiremos firmes na luta por um Brasil mais justo e igualitário.”