Curitiba está prestes a ganhar um novo projeto de revitalização urbana com a proposta da “Rua da Luz”, inspirada na famosa Times Square de Nova York. O prefeito Rafael Greca (PSD-PR) anunciou a criação de um “Distrito de Mídia” na Avenida Marechal Deodoro, prometendo desenvolvimento econômico, cultural e educacional. No entanto, é necessário discutir os impactos reais desse projeto, que parece ganhar prioridade em detrimento da iluminação pública urbana, ainda precária em vários locais da cidade. Além disso, deve-se analisar a preocupante possibilidade de expulsão da população de rua e a grave afronta ao direito à cidade.
A revitalização urbana deve ser uma oportunidade para promover um debate amplo e inclusivo sobre o futuro da cidade. São necessárias soluções que equilibrem o desenvolvimento econômico com a justiça social e a sustentabilidade ambiental. Curitiba pode e deve ser um exemplo de cidade que valoriza todos os seus cidadãos, proporcionando espaços públicos que realmente atendam às necessidades de todos.
A experiência de outras cidades mostra que projetos de revitalização urbana frequentemente resultam na expulsão silenciosa de populações vulneráveis, em um processo conhecido como segregação ou gentrificação. A proposta da “Rua da Luz” corre o risco de seguir esse caminho, deslocando pessoas em situação de rua do centro da cidade. É preciso questionar: aonde essas pessoas irão? O que está sendo feito para garantir o mínimo de dignidade para elas?
Desde o início de sua gestão, Rafael Greca tem focado na precarização dos direitos da população em situação de rua. Uma de suas primeiras ações foi fechar os guarda-volumes utilizados pela POPRua para deixar seus pertences durante o dia, especialmente cobertas e colchonetes. Logo em seguida, precarizou o serviço dos Centros Pops, reduzindo os atendimentos e abrindo novos centros em regiões periféricas da cidade, dificultando o acesso e afastando a população em situação de rua do centro.
Nos dias mais frios do inverno, a ordem do prefeito é lavar o calçadão da Rua XV, molhando e expulsando a população em situação de rua das marquises. Outra medida foi a instalação de grades no Mercado Municipal para impedir que a população de rua se abrigasse nas marquises do mercado. A tentativa de implementar o projeto “Mesa Autoritária”, que proibia a doação de alimentos na rua, foi impedida pela oposição, mas é mais um exemplo das políticas excludentes da atual gestão.
Agora, como último ato de sua gestão, Greca pretende impedir que a população durma na região central da cidade, especialmente na Rua Marechal Deodoro, entre a Travessa da Lapa e a Praça Zacarias. Será isso uma inovação ou um retrocesso?
Direito à Cidade
O direito à cidade não é apenas sobre desenvolvimento econômico e infraestrutura moderna. É sobre garantir que todas as populações, independentemente de sua condição social, tenham acesso a espaços públicos de qualidade e possam participar plenamente da vida urbana. Curitiba deve ser inclusiva e acolhedora para todos os seus habitantes, não apenas para aqueles que podem se beneficiar diretamente das novas luzes e telões.
A expulsão da população em situação de rua do centro, além da remoção e despejo de populações em áreas de ocupação sem nenhum plano que garanta moradia temporária e permanente, são questões graves que violam direitos humanos constantemente ignorados pela atual gestão. Afinal, para onde Rafael Greca quer que a população curitibana vá?
Além disso, é importante lembrar que a região central não possui apenas comércio. Como dormirão os moradores do centro com luzes de LED ligadas 24 horas por dia?
Pedido de Informação e Transparência
Portanto, é importante exigir transparência nas ações da gestão Greca sobre o projeto “Rua da Luz”. Qual é o objetivo desse projeto que apenas importa modelos urbanísticos sem considerar a urbanização real? Que medidas estão sendo tomadas para evitar a gentrificação e assegurar que essas pessoas não sejam simplesmente “varridas para fora” da área central? A cidade deve fornecer informações claras e detalhadas sobre seus planos e ouvir a comunidade em todas as etapas do processo.