A fotografia dos membros da diretoria do Banco Central (BC) que integram o Comitê de Política Monetária (Copom) não expressa apenas a reprodução do racismo e do machismo no Brasil, mas também o aprofundamento dessas desigualdades na vida da população brasileira.
Entre os nove integrantes desse grupo, que é responsável pela definição da taxa básica de juros do país, a chamada taxa Selic, não há nenhuma pessoa negra. Sete são homens e apenas duas são mulheres.
Essa distribuição é totalmente o inverso da população brasileira, que tem maioria de mulheres e pessoas negras. Para a deputada federal Carol Dartora (PT-PR), a composição desigual do BC está diretamente relacionada com decisões que só beneficiam os ricos e prejudicam ainda mais os pobres.
Leia também
- Estados bolsonaristas registram as maiores taxas de feminicídio do Brasil
- Gestão Ratinho Jr. registra taxas alarmantes de desnutrição infantil no Paraná
- Jornalista ficou surpreso com foto do interior do Paraná. Entenda o motivo
- Educação e ações afirmativas têm poder de emancipação, garante deputada Carol Dartora
“São essas pessoas que fixaram a taxa de juros do Brasil em 13,75%, a maior do mundo. Não existe outra justificativa para isso que não seja beneficiar quem eles representam, que é o mercado financeiro, os bancos, uma minoria que se enriquece cada vez mais com a exclusão das mulheres, das pessoas negras e da classe trabalhadora desse país”, explica a deputada.
Para piorar, desta composição, cinco, incluindo o presidente do BC, foram escolhidos por Bolsonaro, três por Temer e apenas um pela ex-presidenta Dilma Rousseff. Ou seja, além de não representarem a diversidade de gênero e raça, também não representam o projeto político escolhido pelo país na última eleição.
Quem ganha com essa taxa de juros?
Carol Dartora também explica que, segundo especialistas, a cada 1 ponto percentual na taxa de juros, o governo gasta cerca de R$ 20 bilhões a mais com o pagamento de juros da dívida. Com isso, todo esse dinheiro deixa de ser investido em saúde, educação, segurança e outras necessidades do povo e vai, principalmente, para o bolso dos operadores do mercado financeiro.
Quem também entende que a taxa de juros definida pelo Banco Central é absurda, é o vencedor do Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz. Segundo ele, no patamar atual, a taxa de juros é “chocante”, desencoraja investimentos e provoca desvantagem competitiva.
“A taxa de juros de vocês é de fato chocante. Os números que vocês estão falando, de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. O que é impressionante no Brasil é que sobreviveu ao que seria, de fato, uma pena de morte”, afirmou.
Stiglitz é economista e professor da Universidade Columbia, nos Estados Unidos. Ele fez essas declarações nesta segunda-feira (20), durante o seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).