Em 31 de março de 1964, o Brasil mergulhava em uma ditadura militar que duraria 21 anos. Exatos 61 anos depois, o país ainda enfrenta ameaças à democracia — e agora, com um ex-presidente da República oficialmente réu por tentar subverter a ordem constitucional.
No dia 26 de março de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia contra o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) por incitação ao golpe de Estado. A decisão histórica veio pouco antes do aniversário do golpe militar de 1964, e representa um marco importante na responsabilização daqueles que atentaram contra as instituições democráticas, especialmente durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A democracia brasileira, ainda jovem, segue em constante teste. Se antes eram tanques nas ruas, hoje são fake news, desinformação em massa, ataques virtuais e articulações antidemocráticas travestidas de “liberdade de expressão”. A tentativa de ruptura institucional em 2023 mostrou que o autoritarismo não é coisa do passado — ele apenas mudou de forma e discurso.
Quando ataca-se o Supremo, o Congresso, a liberdade de imprensa ou o direito ao voto, não se está apenas criticando um governo. Está-se atacando o próprio pacto civilizatório que nos permite conviver em meio à pluralidade.
Lutar pela democracia em 2025 é garantir mais do que eleições livres. É proteger os direitos humanos, combater discursos de ódio, ampliar a participação popular e assegurar que as instituições funcionem de forma independente e republicana.
A responsabilização de Bolsonaro é um passo importante. Mostra que ninguém está acima da lei — e que o Estado Democrático de Direito pode, sim, reagir com firmeza a ameaças internas e externas.
Portanto, 61 anos depois, ainda precisamos lutar pela democracia. Mas agora sabemos com ainda mais clareza que essa luta é permanente, coletiva e urgente.
