Em um discurso contundente, na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (5), a deputada federal Carol Dartora (PT-PR) expôs as ameaças racistas que vem recebendo desde o dia 14 de outubro, denunciando o que chamou de “terrorismo racial”. A parlamentar revelou que as intimidações visam afastá-la da vida pública e silenciá-la, destacando que essa violência é uma tentativa brutal de tortura psicológica para manter uma mulher preta fora dos espaços de poder.
“Essas ameaças são mais do que intimidações; elas são uma forma brutal de tortura psicológica, um esforço calculado para me manter em estado de alerta e medo constante,” afirmou a parlamentar, em um discurso emocionado no Plenário.
Dartora ressaltou a urgência de políticas que enfrentem o racismo estrutural em todas as esferas, e reforçou seu compromisso com o Projeto de Lei de Cotas no Serviço Público, que busca ampliar de 20% para 30% as oportunidades para negros, indígenas e quilombolas no mercado de trabalho, como uma medida essencial de reparação histórica e justiça social. Ela também mencionou a importância do Projeto de Lei 2540/2023, de sua autoria, que estabelece um protocolo de proteção para parlamentares, especialmente para mulheres negras, garantindo condições dignas e seguras para exercerem seus mandatos.
“Esse projeto é fundamental para que possamos representar nossas comunidades com segurança e dignidade, e para que outras mulheres negras sintam-se incentivadas a ocupar a política,” explicou Carol.
Apoio de parlamentares no Plenário
O discurso de Carol Dartora mobilizou parlamentares de diferentes partidos, que expressaram solidariedade e apoio à deputada no Plenário. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou o compromisso do partido e da Casa em garantir que todas as mulheres, especialmente negras, possam exercer seus mandatos sem medo de represálias.
“A Câmara dos Deputados deve ao Brasil a garantia do exercício pleno dos mandatos parlamentares. Quando uma mulher negra, corajosa como Carol, é atacada, ela precisa do nosso apoio e da proteção devida para continuar sua luta,” afirmou Maria do Rosário.
A ex-governadora do Rio de Janeiro e deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também mencionou o recente julgamento do caso Marielle Franco como um alerta para que a segurança de mulheres negras na política seja garantida, evitando que se repitam casos de violência extrema. Ela reforçou a necessidade de mais representatividade e segurança para essas mulheres na política.
Já a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) usou seu tempo de fala para endossar o repúdio aos ataques sofridos por Dartora, destacando a importância da criação de protocolos eficazes de proteção para parlamentares mulheres.
“Essas ameaças que tentam calar mulheres negras são um sinal de que é urgente investir na participação plena e segura de mulheres como Carol Dartora na política. Não seremos caladas, muito menos interrompidas,” disse Daiana.
Luta contínua pela igualdade e justiça
Encerrando seu discurso, Carol Dartora enfatizou que sua resistência vai além da sua trajetória pessoal e representa a luta de todos que acreditam em um Brasil mais justo e igualitário. Ela pediu apoio para enfrentar o racismo em todas as frentes e proteger a democracia brasileira da intolerância racial.
“Essa luta não é só minha, é de todas as pessoas que acreditam em um Brasil sem racismo, sem violência e sem medo. Não vamos nos calar, estamos aqui, e continuaremos a lutar,” concluiu Dartora.
O discurso e a manifestação de solidariedade dos colegas parlamentares reafirmaram a importância de proteger a presença e a segurança de mulheres negras na política brasileira, um avanço crucial na busca por uma sociedade mais inclusiva e igualitária.