A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) falou sobre os desafios e avanços do seu mandato e destacou a importância da política de cotas no serviço público como ferramenta fundamental para a promoção da justiça social no Brasil. Dartora, que é a primeira deputada federal negra do Paraná e ex-vereadora em Curitiba, discutiu, recentemente, a proposta de ampliação da política de cotas, atualmente em 20%, para 30%, incluindo povos indígenas e quilombolas no programa “Ponto Final” da Jovem Pan News.
Ao jornalista José Maria Trindade, Carol enfatizou que as cotas não promovem injustiça, mas sim a correção de uma desigualdade estrutural que afeta grupos racializados e marginalizados no Brasil. “A gente não pode olhar para as cotas sob a ótica de que elas promovem injustiça. Elas corrigem distorções históricas, já que a população negra, por muito tempo, foi excluída da sociedade”, afirmou.
Dartora também destacou os resultados positivos já alcançados pela política de cotas na educação superior, ressaltando como as universidades brasileiras mudaram e passaram a refletir melhor a diversidade do país. Ela mencionou que as cotas nas universidades oxigenaram o campo da pesquisa e permitiram que mais famílias, especialmente negras, tivessem acesso ao ensino superior pela primeira vez. “Hoje, as universidades têm a cara do povo brasileiro”, disse a deputada.
Na entrevista, José Maria Trindade abordou as críticas à política de cotas, como o argumento de que ela fere o princípio da meritocracia. Dartora, no entanto, refutou essa visão: “Quando olhamos para as desigualdades históricas do Brasil, percebemos que meritocracia pura não pode ser aplicada em um país que foi estruturado na exclusão de grande parte da população. As cotas vêm para corrigir isso”, explicou.
A parlamentar também destacou a relevância das políticas de inclusão no Congresso Nacional, onde, segundo ela, a representação de mulheres e negros ainda é desproporcional, mesmo sendo maioria na população. “As bases da sociedade brasileira foram estruturadas na desigualdade, e é por isso que nós, representantes políticos, temos que agir para corrigir essas distorções.”
Justiça social
Carol concluiu enfatizando que os números mostram os resultados positivos das cotas no serviço público e na educação, e que cada vez menos pessoas resistem a essa política, dado seu impacto comprovado na promoção da justiça social.
A proposta de ampliação das cotas está em tramitação na Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais (CPOVOS) e visa ampliar a inclusão de grupos marginalizados, garantindo maior diversidade no serviço público brasileiro, uma pauta que Carol Dartora considera urgente e essencial para o desenvolvimento do país.
Você sabia?
O texto da Lei de Cotas de Curitiba, de autoria de Carol Dartora e sancionada em 20 de dezembro de 2021, embasou as mudanças propostas pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e pelo Ministério da Igualdade Racial ao texto senador Paulo Paim (PT/RS), que acolheu as recomendações.